Carnaval do futuro

Alice Monnerat
13 min readJun 5, 2021

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Foto de Alice Monnerat

  1. Mariana

Não acredito que acordei sete horas da manhã para me fantasiar de abelha e sair com um Matheus fantasiado de colmeia para encontrar uma Lucinda fantasiada de mel e ir para um bloco que só toca música dos anos 90. Parece um sonho que isso esteja realmente acontecendo depois de tudo que aconteceu.

Claro que estamos atrasados. Lucinda quer matar Matheus e eu e já estou pronta para sair há 40 minutos. Não é só Lucinda que está esperando a gente. Meu deus, é carnaval! Na rua!

Nós estamos no Rio de Janeiro, na casa de Matheus. Ele mudou para cá no mês passado, está fazendo um curso de escrita criativa e diz que não quer ler nenhum artigo científico pelo resto da vida. Mas os livros da cabeceira dele dizem outra coisa. Tudo bem, ele está feliz. Todos estamos, claro. Mas nem sempre. Eu fico repetindo para mim mesma que o pior já passou, parece que quero forçar meu cérebro a ser grato e essa baboseira toda, mas a verdade é que ainda estamos bem quebrados. O que eu acho que é bem normal e esperado, então não estou preocupada. Mas estou fazendo muita terapia. Correndo todos os dias pela manhã. Fazendo yoga toda segunda, quarta e sexta. Tentando gastar toda essa energia acumulada aqui dentro por tanto tempo. Essas coisas funcionam para mim, estão me ajudando. Mas não é regra, não é simples. Matheus começou a fazer análise há dois meses e ainda não sabe dizer se está gostando ou não, mas pretende esperar para ver. Além disso, ele começou a pintar e ele é péssimo nisso, mesmo. Mas ele diz que acalma e ajuda a organizar os pensamentos. Ele odeia correr e foi comigo ontem de manhã porque eu insisti muito. Odeio correr sozinha, como era de se esperar. Sim, estou conversando com minha terapeuta sobre a minha necessidade de estar acompanhada o tempo todo. Uma coisa de cada vez. Matheus cozinha bastante também e isso ele faz muito bem. Não posso dizer que ele está radiante por estar buscando seus sonhos depois de ter desistido dos seus outros sonhos. Mas ele está animado, otimista, com vontade mesmo de tentar. Isso me parece muito depois de tudo. Ele está trabalhando em uma revista de arquitetura, escrevendo artigos sobre várias coisas, como tendências ou arquitetura sustentável. Não é o que ele quer escrever, mas ele está satisfeito por estar escrevendo. O salário não é alto e o emprego não tem estabilidade, então Matheus trabalha em um bar embaixo do seu prédio todas as sextas, sábados e domingo. O que é um saco, mas permite que ele faça uma pequena reserva. O apartamento dele mal cabe nós dois e eu não estou exagerando, mas tem a cara do Matheus, com um monte de cores e plantinhas penduradas em todas as paredes. Eu continuo no nosso apartamento antigo, que agora consigo pagar sozinha, porque estou ganhando quase o dobro do meu salário antigo. Claro que o dobro do meu salário antigo continua não sendo muita coisa, mas já é alguma coisa. Além disso, eu trabalho algumas horas a menos e consigo dizer não para alguns projetos. Não muitos, porque não recebo tantos clientes assim então não dá para fazer a linha exigente, mas consigo falar um não quando realmente aparece algo que eu odiaria fazer. Continuo trabalhando com a Carol e agora temos inclusive uma estagiária, a Fábia. Nada mal, eu acho.

Ontem à noite conhecemos a quase namorada de Lucinda, a Larissa. Lucinda e ela estão ficando há dois meses, depois de terem se conhecido em um aplicativo que esqueci o nome. Elas combinaram um encontro na feira no domingo de manhã depois de ficarem uns três meses conversando pela internet. Eu fui com Lucinda porque tinha mesmo que comprar um monte de coisas e sabia que ela ia ficar apaixonada. Realmente foi o que aconteceu e o primeiro mês foi só encantos, mas agora as duas não param de brigar. Parece que elas têm discordâncias sobre absolutamente tudo e isso faz com que elas queiram discutir todo tipo de assuntos o tempo todo. Eu acredito que ou vai dar tudo muito certo e elas vão superar todos os empecilhos até o fim do mês, ou elas vão cada uma seguir o seu caminho e acabar com tudo até o fim do mês. De qualquer forma, não importa. O que importa mesmo é que Lucinda não pegava na sua câmera desde o dia que a Tati foi embora. Desde o terceiro mês da isolamento. E, no domingo seguinte ao da feira, a Luci fotografou Larissa por horas. Duas semanas depois nós fomos para casa dos nossos pais de carro e ela parou na estrada várias vezes para fotografar a paisagem. Eu não sei se sou eu ou ela, mas acho que as fotos de Lucinda estão ainda mais bonitas. Carregadas de sentimento e melancolia mas também de esperança, parecem um respirar fundo depois de um mergulho muito longo no mar, a garganta ardendo e o fôlego faltando, mas muito alívio e prazer em uma golfada de ar.

Larissa tem uma amiga de infância que mora no Rio há bastante tempo com o marido. Ela tem uma casa grande com um quarto de hóspedes e por isso Lari e Luci estão hospedadas lá. Realmente não caberia mais ninguém aqui comigo e Matheus, mas muito menos as duas brigando. Ontem nós fomos todos para casa da Bruninha, a amiga da Larissa. Quando a gente estava à caminho, a Lucinda me ligou e disse que tinha uma coisa que ela não sabia se era boa ou ruim para me contar. Eu disse que a minha bateria estava acabando, como sempre, e que ela me contasse em 5 minutos porque eu estava chegando. Me arrependi quando a gente entrou no apartamento porque o que ela queria me contar não era uma coisa mas alguém. Assim que o Rafa, marido da Bruninha, abriu a porta, eu vi Julieta sentada em um sofá de couro amarelado, com um sorriso aberto e ensaiado de quem sabia que eu estava chegando. Eu dei um gritinho. Sim, eu fiz isso. Dei um leve gritinho estridente e um pulo, ao mesmo tempo em que apertava o braço do Matheus. Julieta e Matheus começaram a rir e o resto das pessoas ficou sem entender nada. Lucinda voltou do banheiro nessa hora, deu de ombros e foi abraçar a gente.

Eu cumprimentei todo mundo primeiro porque Julieta era quem estava mais longe. Matheus e ela se abraçaram bem forte e ficaram falando coisas como “que bom te ver” e “quanto tempo”. Eu olhei para ela e só consegui rir. Ela riu de volta. Meu deus, o que essa garota é capaz de fazer comigo? A gente deu um abraço desajeitado e Matheus se sentou no braço da poltrona dela. Eu me sentei no sofá, do lado da Larissa e de frente para a cadeira do Rafa. Comecei a conversar com ele sobre o Rio e o carnaval, mas meu olhar desviava de 10 em 10 segundos para a Julieta há poucos passos de mim, com uma saia verde escura e uma blusa listrada de vermelho e branco, parecendo a mesma mas também outra, desviando o olhar para me observar de 10 em 10 segundos também.

Em algum momento, ela me chamou. Ela disse “Mari” e eu quase tive um desmaio, juro que não estou exagerando. Ela completou:

- A Bruninha é a Bruna amiga da Manu! Lembra? Que começou a me seguir naquele dia que a gente foi na exposição da Lucinda.

Eu lembrava. Mas não consegui falar uma palavra. Levantei a sobrancelha e balancei a cabeça em sinal de concordância. Ela continuou:

- Vim ao Rio no mês passado para participar de um evento. — eu sabia, tinha visto tudo no canal dela. Assisti todos os vídeos dela viajando pela primeira vez em tanto tempo e participando de um evento sobre filmes e séries como coordenado de um painel. Fiquei o dia todo sorrindo por ela ter tido essa oportunidade. — Pedi para ficar aqui na casa da Bruna, na cara de pau mesmo porque o convite não cobria as despesas. — Eu revirei os olhos e ela percebeu. — Eu sei, absurdo. Mas eu queria muito vir e fiquei aqui. Então ela me chamou para voltar no carnaval e quando eu cheguei hoje dei de cara com a Lu!

Como a gente estava distante, todo mundo estava ouvindo a conversa e já que eu não parecia capaz de dizer nenhuma palavra, Matheus perguntou:

- Você ainda está naquela agência?

- Não, mas estou em outra. Fui contratada por uma agência um pouco maior. O salário é o mesmo, mas eu sou paga pelas horas extras e meu chefe é razoavelmente equilibrado.

- Razoavelmente? Você não dá sorte, né? — Matheus de novo veio em meu socorro, já que ela tinha dito tudo aquilo olhando para mim, como se eu tivesse perguntado.

- Eu não tenho muitas reclamações dele, não exige nada mirabolante e nem tem bruscas alterações de humor, trata todo mundo muito bem… O único problema é que ele não é lá muito bom no trabalho, sabe? Alguém que nunca precisou estudar muito ou se esforçar nem que seja um pouco para conseguir as coisas, então ele simplesmente deixa a gente fazer tudo e finge que está supervisionando.

- Típico. — eu consegui dizer. Genial. Uma frase de efeito. Julieta riu quando eu disse isso. Levantou de onde estava e veio na minha direção para que a gente continuasse a conversa. Como se não fosse o Matheus que tivesse feito a maior parte do trabalho.

- Eu estou seguindo o perfil do escritório de vocês no Instagram. Seu e da Carol. — ela disse se sentando no tapete bem na minha frente. Como ela conseguia parecer tão à vontade assim? Se sentar no chão com a saia se espalhando em volta, a garrafa de cerveja na mão e os olhos brilhando na minha direção.

- Sim, eu também te sigo. Claro que sigo, mas digo, te acompanho. O canal e tudo mais. — Eu estava realmente sendo ridícula agora. Não conseguia falar direito. Respirei fundo e tentei começar a pensar nas frases antes de falar em voz alta. Conversar é para mim algo simples, eu literalmente falo demais, mas naquele momento parecia impossível.

- Desculpa, eu estou um pouco chocada de ver você. Não estou fazendo muito sentido… Mas sempre vejo seus vídeos e como o canal tem crescido. — Uau. Quem é essa garota? Que eloquência! Estou chocada!

- Sim, crescendo bem devagar, né? Mas crescendo. Fiz uma publi, você viu? — ela gargalhou e eu assenti. Claro que eu tinha visto. — Foi constrangedor gravar aquilo. Me senti uma idiota. Eu sei que não é idiota, mas foi como me senti. Parecia que eu não merecia… Eu pensei muito em você. Não sei se você reparou mas toda a ideia veio do Jorge Luís Borges, sabe, do Aleph, então se você quiser uma porcentagem, pode cobrar.

- Foi genial. Eu só te emprestei um livro, mas a ideia foi incrível. Tenho certeza que vão vir muitas outras. — Eu estava praticamente arrasando em comparação com o início da conversa, mas ainda parecia um pouco um robô.

- Um livro que não devolvi, inclusive. Era minha desculpa para falar com você um dia.

Senti minha cara ficar vermelha e queimando. Isso porque eu nem sabia o que aquilo significava. A desculpa estava lá, mas ela nunca quis usar? Não consegui responder e Julieta disse:

- O destino passou na minha frente. Mesmo que eu nem acredite nele.

Eu me sentia desesperada. Queria dizer um monte de coisa mas ao mesmo tempo nada. Queria sumir mas também ficar ali para sempre. Queria mais do que qualquer coisa que ela falasse o que eu queria ouvir. Alguma coisa que eu quisesse ouvir, qualquer coisa.

- Eu falei com você sobre o livro. — Essa frase saiu sem pensar. Me lembrei disso de repente. Eu mandei uma mensagem para ela. Perguntei do livro, eu queria ele para emprestar para Carol depois que vi a publicidade que Julieta fez. Eu falei nisso por dias no escritório e Carol ficou curiosa pela história. Eu podia procurar na internet para mostrar para ela, claro, mas a Julieta tinha escolhido a história que eu indiquei para ela para fazer sua primeira postagem paga. Isso devia significar alguma coisa. Eu podia mandar uma mensagem, não podia? Eu tinha mandado. Tinha perguntado do livro e dito que adorei a ideia da publicidade. A mensagem nunca chegou para ela pelo celular. Eu pensei então em mandar no Instagram, mas aí descobri que ela não me seguia. Não tinha me passado seu novo número? Tudo bem, a gente não se falava há meses. Mas tinha parado de me seguir? Provavelmente não queria falar comigo. Não pensei muito nisso. Passei uma semana mal humorada, fingi não saber porque. Esqueci. Me lembrei do nada, veio tudo na minha cabeça, meu estômago embrulhou, senti a garganta embolar, fiquei ainda mais vermelha e aflita. Julieta me olhou preocupada.

- Desculpa. Eu troquei de número. Ah, foi no Instragram? Eu… Eu olhava muito pra você. Toda hora, sabe? Não conseguia não ficar vendo suas fotos. Logo depois… Tava me sentindo uma perseguidora, achei melhor parar de te seguir.

Respirei fundo de novo. Dei um gole da cerveja mais longo do que o necessário. Ela continuou:

- Mas o livro está lá em casa. Minha mãe leu, inclusive. Ela disse que o Aleph lembra você, muitas coisas em uma só, uma bagunça muito bonita. Como ela consegue falar essas coisas? — ela riu de novo. Aquele sorriso. — Eu estou tentando convencer ela a escrever um livro de poesias, ela diz que eu estou maluca. Mas eu não estou maluca, ela solta umas cinco frases dessas por dia.

- No dia que ela me conheceu, ela disse que você era um emaranhado, mas que depois que desembaraçava era muito simples. — Lembrei disso como se fosse ontem.

- Ela já me disse isso. Não com essas palavras, mas do emaranhado, já. — Os olhos dela se encheram de lágrimas. Parecia com medo, ainda. Medo da mãe não estar mais lá. Medo do que elas passaram no ano passado. Mas ela estava, a mãe de Julieta sobreviveu. Sobreviveu a um vírus que matou milhares de pessoa, sobreviveu apesar de tanta coisa, sobreviveu apesar do presidente. Sobreviveu e está bem e Julieta sorriu. — Você devia buscar o livro. Minha mãe ia gostar muito de te ver.

A mãe. Não ela.

- Como ela está? — eu perguntei porque era a única pergunta possível.

- Bem. Alegre. Mais poeta do que nunca. Não consegue mais fazer tanta coisa como antes, sabe? Ter um dia todo cheio de compromissos. Mas ela tenta mesmo assim. Cansa rápido e diz que não escuta direito mais. Mas quando quer, escuta qualquer cochicho. Mas ela está bem, está feliz.

Eu abro um sorriso. Conversar está ficando mais fácil. Eu me sento no tapete, assim com o Julieta, de frente para ela, encostando nossos joelhos como se fosse fácil assim se sentar no chão com a garrafa na mão e meu vestido de espalhando. Eu digo:

- Um brinde a dona Lúcia, uma poeta cansada e feliz!

A gente brinda e Julieta segura minha mão que está vazia e apoiada no chão, ela sorri pra mim, dá um gole na cerveja e aperta minha mão bem forte. Eu aperto de volta.

Foto de cottonbro no Pexels

2. Julieta

É carnaval e a rua está cheia de gente. Eu começo a suar logo que a gente chega no bloco, mas ninguém se importa. Eu beijo a Mari e aperto ela contra mim. Parece a melhor coisa do mundo.

Ontem nós conversamos por horas. Todo mundo foi dormir, Matheus dormiu no sofá. Nós duas ficamos na sacada, olhando pra rua, que já estava cheia e barulhenta como deve ser no carnaval. Como há algum tempo não é no carnaval.

Queria beijar a Mariana assim que ela entrou pela porta. Talvez antes, quando eu soube que ela chegaria. Ela entrou e tudo desabou envolta, parecia não existir mais nada. A sala borrada, ninguém existia, só ela.

Como eu disse, a gente conversou por hora. Sobre tudo. A gente, o mundo, os medos. As consequências de tudo que a gente viveu. Ela disse em algum momento que eu parei de responder. Eu disse que eu não conseguia. Ela assentiu.

Às três da manhã, ela disse que iria embora. Que tinha prometido Matheus que ia acordar às sete. Eu disse que também iria, que a gente se encontraria lá. Eu não podia não dizer mais nada.

- Se você quiser, é claro. Se você quiser que eu suma e a gente não se encontre, é só dizer. — Eu completei no fundo sabendo que não ia dizer. Não ia dizer que não queria. Não podia. Não fazia sentido. A gente fazia sentido.

- Você tá zuando, né? Você quer me ouvir dizer que sim, quero te encontrar, não é? Não parecia a mesma Mariana que, no início da conversa, não sabia o que dizer. Mariana era assim, tinha muitas palavras e às vezes ficava sem nenhuma. Às vezes te pegava de surpresa, balançava, dizia o que você queria mas não esperava.

- Quero. Porque eu quero te encontrar. Todos os dias, se for possível — Eu disse. Sem tempo para enrolação. A gente já havia ficado de mãos dadas. Ela havia passado a mão no meu cabelo. Eu, encostado nas costas dela. Ela tinha dito que acompanhava todo meu conteúdo, que gostava muito de tudo, que eu inclusive estava linda no vídeo de ontem. Eu disse que ela era “muito maravilhosa mesmo” e que o cabelo dela estava perfeito daquele jeito mais volumoso. Ela me entregou uma cerveja e olhou bem fundo nos meus olhos. Eu disse para ela não ir embora, para irmos para a sacada, para a gente conversar mais. Nós nos olhamos e sorrimos e olhamos e sorrimos, várias vezes. Sem tempo para mais enrolação. Ela me encarou de volta. Ela disse:

- Eu quero isso, quero um carnaval com você. — Ela chegou mais perto de mim.

- Só isso? — Eu disse me aproximando mais, respirando a respiração dela.

- O que mais você quiser também. — Ela disse sem terminar a última palavra, me beijando, eu beijando ela, impossível saber quem começou a beijar quem. Nós nos beijamos. É carnaval, a gente pode sair pela rua e estou beijando Mariana. Não parece ter como ficar melhor.

Mas hoje fica. Alguma música que a gente não sabe como mas sabe cantar de cor está tocando. Luci e Lari estão usando pernas de pau, dançando no alto. Rafa e Bruna estão vestidos de palhaços, a fantasia é medonha e eles não percebem, gritam e dançam e olham um pro outro como se nem pudessem acreditar. Matheus e Mari estão de mãos dadas. Ele gira ela, Mari rodopia e dá uma gargalhada quando canta um pedaço da música errado, de propósito, como a gente costuma cantar quando crianças. Um garoto de vermelho, acho que vestido de cometa, puxa Matheus pelo braço, os dois se olham e dão um beijo de cinema. Mesmo. A gente bate palmas feito adolescentes e grita “uau”, algumas pessoas envolta acompanham. Mari olha pra mim. Como eu amo como ela olha pra mim. Tudo que eu quero é ela olhando para mim. Eu olho para ela tentando dizer um monte de coisas, mas provavelmente não consigo. Não é um momento romântico. Não é fofo, é um caos. Bagunça, confusão. Rua. É maravilhoso.

Eu beijo Mariana de novo. Beijo ela sempre que posso. Ela me aperta contra ela e me beija de volta. Ela sorri para mim e a gente se beija mais uma vez. O barulho continua, a gente segue pela rua e eu tenho certeza de que agora, definitivamente, não tem como ficar melhor. Então eu beijo Mariana de novo.

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Alice Monnerat

Professora de geografia. Advogada popular. Fã de Harry Potter. Sempre começando a escrever alguma coisa. Raramente terminando.